quarta-feira, 6 de março de 2013

karma's a bitch only if you are.

Nesta última semana, a S. mudou-se de malas e bagagens para o sótão do meu corpo. Ela e uma dor de cabeça que insiste em perdurar. Não fosse eu tão controlada nisso de "comer" farmácias e já lhe tinha aplicado doses cavalares de analgésicos. Se também expulsassem a S. deste "condomínio" que não lhe pertence era certo que os tomava. A S. não é má pessoa, esse não é o problema. O problema é que a S. me lembra uma época em que eu não fui uma boa pessoa. Como minha atenuante tenho o facto de me estar a reportar aos meus tempos de adolescente (e quem não foi um 'ganda estupor nessa fase estúpida da vida que me atire a primeira pedra... devagarinho). Numa bela manhã, dos distantes primeiros anos da década de noventa, a S. apareceu na escola com um ar meio esgazeado. Movia-se num passo que pretendia ser discreto e que teve exactamente o efeito contrário. Todos lhe perguntavam o que tinha mas da boca dela não saía pio. Ao fim de algum tempo, e perante a insistência, lá sibilou meia dúzia de palavras. Tinha um aparelho nos dentes. Naquele tempo, o amontoado de aramezinhos estava muito longe de ser o quase "acessório de moda" tão apreciado pelos adolescentes de hoje (a adolescência é mesmo a fase mais estúpida da vida). Naquele tempo, era precisamente o contrário. Seguiram-se dias de piadas parvas sobre o aparelho da S.. Ela fingia que não a afectavam e, como resposta, as piadas continuavam subindo cada vez mais alto na escala da estupidez. Eu ajudei um bocadinho nessa escalada rumo à estupidez suprema, à estupidez absoluta.
Faz hoje uma semana, sensivelmente um mês depois de ter completado 37 anos de idade, que pus o meu aparelho. Aliás, que mo puseram.

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