segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Walk like an Egyptian

As razões que levaram os egípcios a soltar o ensurdecedor grito do ipiranga, são as mesmas que continuam a atormentar os cidadãos de muitos outros países. Alguns já levantaram a voz, outros continuam calados. Fosse eu um ditador de bigode farto e barriga proeminente (ao ponto de quase fazer saltar os botões da minha fatiota militar), e estaria agora a sentir o mesmo temor que sente um professor autoritário, perante a revolta de um aluno temerário. Em menos de nada, aqueles que dia-após-dia aguentaram calados, aqueles que sempre pareceram submissos, vêm a sua revolta e o seu medo transformar-se em coragem e força. E, de repente, o desconforto da barriga vazia dá lugar a um peito cheio de ar. E o pau que antes descia pelas costas é, agora, empunhado.
E, provavelmente, o tal temor não está reservado aos de bigode farto e barriga proeminente (quase a fazer saltar os botões da fatiota militar). Alguns até andarão de fatiota Armani (comprada numa qualquer loja em Milão, a modos que é só atravessar uma petite selva ou um petit deserto, no jacto privé, e voilá, o Mediterrâneo está logo ali). E alguns até serão frequentadores assíduos da Assembleia Geral das Nações Unidas ou convidados ilustres da Comissão Europeia. Digo eu, cuja experiência em chafaricas do género se resume a uma ida à Assembleia da República Portuguesa, por alturas do 11º ano (lembro-me vagamente desse episódio - o meu pensamento estava vidrado no aspecto que poderia ter uma mosca tsé-tsé). Alguns até terão privado com o Zé (o nosso), aquando daquelas negociações para comprarem uma coisa nossa. Uma coisa boa, por sinal. Esses, lá mais longe, até terão organizado uma coisa qualquer olímpica, agora não me lembro bem o que foi.
Mas isto são só suposições. E, verdade seja dita, o que sei eu sobre isto tudo? Nada, ora.

Maratona de Cartas 2010

A propósito disto, a Amnistia Internacional - Portugal conseguiu recolher 5611 cartas.

Entretanto, a família de Mao Hengfeng obteve, finalmente, permissão para a visitar a 19 de Janeiro de 2011 (a última vez que tinha recebido esta permissão foi a 21 de Julho de 2010). O marido de Mao Hengfeng acredita que a pressão internacional contribui para esta decisão das autoridades.

Sweet!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Hoje acordei assim...

Imagem: www.funz.eu
Mas já voltei à «normalidade» ...

Colin Firth com a estatueta na mão...

...e a Lúcia Moniz, descontrolada, a gritar: «Eu já beijei aquele gaijo, carago!»

O carago fui eu que acrescentei, mas ficou ali bem... carago.

Sim, fui ver o Discurso do Rei
Realmente, ser gago deve ser uma chatice. 
Por outro lado, ter um namorado gago é capaz de ter as suas vantagens... na hora de discutir. Mas é chato na mesma!

Lembro-me de uma vez ter parado para pedir indicações a um senhor. Era gago, eu não sabia. A coisa demorou um pouco e eu fiquei tão ou mais atrapalhada do que ele. Ainda por cima, os carros atrás de mim não paravam de apitar. E os apitos só vieram piorar a coisa. O senhor gaguejava cada vez mais e eu comecei a ficar com falta de ar. 
Aquele senhor, que sabia da possibilidade daquilo acontecer, parou e quis ajudar-me. E eu decidi, apesar dos apitos, que ia dar-lhe o tempo que fosse preciso. 
E durante uns dias andei a pensar naquilo. A pensar que, medricas como sou, se fosse gaga, rapidamente passava a muda! Mas, felizmente, aquele senhor não era medricas. Até podia ser gago, mas não era medricas, e isso é muito mais importante!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

S.O.S. (melhor dizendo: Heeeeeelp!!!)

Alguém com conta no gmail recebeu um email a pedir para confirmar se se trata de uma conta activa ou inactiva? É que para confirmar é preciso clicar num link e isto cheira-me a esturro! 

Ainda por cima, ontem mandei um «cavalo de tróia» para a quarentena do antivírus mas, como percebo pouco de informática (que é como quem diz, quase nada), temo que o malvado cavalo se escape e ande por aqui (na máquina) a fazer das dele... Se o burrico conseguiu tramar um bando de troianos espadaúdos, imaginem o que não fará comigo, uma singela moça em apuros informáticos?... :s

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os «estraga-filas»

Até podem gostar do sentimento de pertença que o cartão de cliente - de uma qualquer chafarica - lhes dá. Ou acreditar que aquele rectângulo é mágico e, realmente, lhes proporciona descontos ultra-mega-fantásticos. Até podem! Mas, já agora, será que é possível terem o maldito cartão sempre à mão? Será?
E se me continuam a moer o juízo nas bombas da BP, um dia destes, deixo de lá ir! Será assim tão difícil perceber que eu NÃO TENHO e NÃO QUERO TER UM CARTÃO DE PONTOS??!!!!! Raio de pergunta (dupla) irritante!

Se praticarem preços justos não precisam de ludibriar as pessoas com merdas (perdão) de cartões de cliente e cartões de pontos e cartões de merdas assim (perdão outra vez). Peço-vos é que não façam músicas irritantes sobre o assunto, tá bem?

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

No fundo, no fundo, é mais tortura chinesa do que uma massagem capilar!

Não me responsabilizo por quaisquer sons menos próprios, que eu possa fazer no salão de cabeleireiro, enquanto me massajam a «pinha».
Quem manda fazerem-me uma massagem tão boa? 
Não sei até quando será suficiente limitar-me a dobrar os dedos dos pés e das mãos. Não sei mesmo!? Não me lembro se costumo revirar os olhos, espero que não! 

Se entrarem no cabeleireiro e virem uma pessoa semi-deitada a ser massajada, não fiquem combalidos com o seu aspecto... Ela não tem paralisia cerebral... Sou apenas eu a ser massajada!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

(Im)Paciência

Qual é a pior coisa que uma amiga pode ser na altura do Carnaval?

...

Ser de Torres Vedras!

[Irra que já não te posso «oubir» com isso, carago!!!]

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Qual é a pior coisa (mas mesmo a pior) que pode acontecer a uma mulher...

...quando ela fala para uma plateia com mais de trinta pessoas?
Pronto, talvez não seja a pior, a pior, mas o desconforto e a insegurança que a coisa implicou nos primeiros minutos, foi terrível. Já tinha passado aquela fase inicial em que o objectivo é captar a tenção das pessoas, tornar a coisa interessante, fazer com que nos queiram ouvir até ao fim. E de repente... puf! Houve ali um ou dois segundos em que eu parei de falar. Em que pensei «e agora, carago?» - na realidade o pensamento foi mais «e agora, C@R@LHO?!!». As pessoas continuavam a olhar para mim, à espera. Encostei os braços ao tronco e cheguei a pensar que tinha sempre aquela possibilidade de os mexer apenas do cotovelo para baixo. Mas, numa fracção de segundo, pensei também que isso era capaz de me dar um ar de pouca normalidade. Assim, uma coisa a puxar para o esquisito. E naquele momento decidi que o melhor era fingir que nada tinha acontecido e aguentar os restantes 30 minutos que faltavam - mais coisa menos coisa - como uma senhora. Assim como assim, a fruta ainda goza da mesma elasticidade que tinha aos 18 anos, graças aos genes que minha mãe me passou. Portanto, acredito que ninguém tenha reparado naquele momento do «puf», lá em cima, o momento em que o meu soutien se desapertou. :|

Agora percebo aquela técnica manhosa que os nazis tinham de tirar a roupa interior às pessoas, quando as interrogavam. Ó se percebo!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

É nestas alturas que me pergunto se Ele existe mesmo...

É paquistanesa, tem sete anos. Acabou o seu dia de trabalho numa fábrica de tijolos.
Imagem: Time.com

Terapia do riso

Sempre me pareceu ridícula a ideia de um grupo de pessoas se juntar para rir. Rir sem vontade? Programar a coisa parece-me esquisito, no mínimo. Como será que funciona? Agora vou-me rir, espera, agora ainda não, mas está quase... Cá p'ra mim riem-se uns dos outros! Olha aquele gajo, é mesmo parvo, está-se a rir sem vontade, ahahahah.
Independentemente disto, há dez minutos atrás percebi o poder de uma gargalhada, ou de várias seguidas. Da energia positiva que deixa dentro de nós, da boa disposição. 
Obrigada mãe por teres dito aquela parvoíce ao telefone. Sobretudo num dia que foi tão merdosamente medíocre. Ainda me doem os músculos da cara e da barriga. Há muito tempo que não chorava a rir. E tu também não. Por entre as gargalhadas e os "pára" e os "ai, não aguento" lá consegui dizer um "tá bem" quando ela me disse "ligo-te amanhã" - acho que foi isso que ela disse (?). Foi a conversa mais parva que alguma vez tive ao telefone - se é que lhe posso chamar conversa. E, sem sombra de dúvida, a mais divertida! Foi como se tivesse recarregado a bateria, a física e a emocional. E eu que cheguei a pensar em não  te ligar...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A caminho de um país acéfalo

Confesso que me escapa ao entendimento a relação entre a letra de uma música e o súbito despertar da comunicação social (esta denominação já merecia um refresh) para um problema que já dura há anos. Acordaram agora? Esta semana não morreu nenhum idoso em casa e ficaram sem assunto? É, obviamente, frustrante ver um recém licenciado perdido na teia do desemprego. Ou num emprego precário e a ver-se obrigado a viver em casa dos pais. É mesmo! Mas será que o problema está na saída das faculdades ou na sua entrada? Para quê manter cursos cuja «saída profissional» é o desemprego? É preciso tirar um curso superior para se ser desempregado?

E depois há os outros. Os que já trabalham há anos e agora se vêm a braços com a hipótese de engordar as estatísticas do desemprego. Aqueles que já estão demasiado velhos para enveredar por outra carreira, uma que não os faça tremer a cada final de contrato. Sim, as caixas de supermercado são uma hipótese, mas para isso não é preciso estudar dezassete, dezoito ou vinte anos. Acaba-se o liceu e começa-se logo! Quando se chegar aí aos vinte e três anos, com brio profissional e dedicação, até se poderá aspirar a ser chefe de qualquer coisa, lá no supermercado. É muito mais difícil consegui-lo se se começar a passar códigos de barras aos vinte e um ou vinte e dois, quando se sair da faculdade. A menos que um dos pré-requisitos, lá do supermercado, seja dissertar sobre a ergonomia e estética tri-dimensional das embalagens com os clientes, enquanto se ouvem os bip's dos produtos a passar... Ou sobre as implicações económicas de desenvolver relações comerciais com os países menos desenvolvidos... Ou sobre os impostos especiais de consumo e a tributação das mercadorias importadas de países terceiros (?)...

Se virem um cérebro a fugir mandem-no parar, é meu e faz-me falta (ouvi dizer que precisam de caixas no supermercado cá da rua - é desta que faço o mestrado!).

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

São Pedro Vs São Valentim

São Pedro deve andar de costas voltadas com São Valentim...
Ou isso, ou então chateou-se com a namorada... se é que lá no céu - ou onde quer que ele "viva" - há essa coisa dos namorados...
 Seja lá o que for, isto não está para brincadeiras... e quem se lixa é sempre o mexilhão, neste caso, os namorados.
São Pedro, não sejas assim, carago! Olha que há praí pessoal com colecções de sapatos que nunca mais acabam... Sabes o que é um salto agulha? Sabes? Olha que é coisa para te furar um olho! Ou coisa pior, se é que me entendes (e que a possuis!)...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Há muitos anos na “santa terrinha”

Vivia-se mal. Não! Vivia-se muito mal. Tão mal que as pessoas caminhavam descalças na neve durante os meses frios de Inverno, e nas pedras escaldantes da eira nos meses de Verão. Tão mal que, para usarem roupas lavadas, tinham que se deitar, enquanto elas secavam estendidas ao Sol. Tão mal que se alimentavam somente de pão, feito em casa, e de sopa. Nos dias melhores faziam papas, uma mistela com água e farinha para onde depenicavam umas folhas de hortaliça. Os enchidos que secavam no fumeiro da cozinha eram, na sua maioria, para vender. Comiam todos juntos à volta da lareira, uns sentados no escano, outros em pequenos bancos de fabrico artesanal. Não havia luz eléctrica, apenas umas velas e umas gambiarras que eram utilizadas apenas durante a ceia, para poupar petróleo. A refeição terminava não quando todos estavam satisfeitos mas sim quando o pote estava vazio. Um pote grande de ferro que ficava nas brasas da fogueira enquanto a família comia, sôfrega. Primeiro os homens, que vinham cansados dos afazeres no campo, depois as mulheres e as crianças. No meio do silêncio, ouviam-se as colheres bater nas malgas e os animais no piso de baixo, mesmo por baixo do soalho de madeira que sustinha a família.
Terminada a refeição, e apagadas as velas e as gambiarras, recolhiam aos quartos, quando os havia. Os homens certificavam-se de que deixavam as crossas junto da lareira, para enxugarem, durante a noite, os pingos de chuva que absorveram durante o dia. Muitas casas tinham uma divisão central – o sobrado – onde estavam as camas, as camas todas, e o tear, que atravancava ainda mais a diminuta divisão. Em cada cama dormiam várias pessoas, apertadas. Esta era a parte mais comprida da noite, que acabava logo que o dia começava a clarear. Nessa altura já os homens estavam de pé, com as crossas aos ombros e de saída, para guiarem os animais ao monte e seguirem para mais um dia de trabalhos penosos no campo. Quando passavam a soleira da porta ainda mastigavam o pequeno-almoço – um pedaço de pão duro e bolorento. O bastante para aguentar até aquela hora em que as mulheres surgiam no campo com o canistrel à cabeça, com mais um pedaço de pão duro e uma cabaça de vinho. Nos dias bons, acompanhavam meia dúzia de sardinhas fritas, mas os «dias bons» eram os dias em que tinham gente de fora a ajudar no campo, portanto, mais bocas para dividir as sardinhas.
As mulheres trabalhavam o dia inteiro nos teares. Faziam mantas de lã, e toalhas e lençóis de linho para vender na feira. Muitas vezes, as mantas, as toalhas e os lençóis eram para as casas das famílias mais ricas da aldeia, vendidos ao preço da chuva, claro. A falta de escrúpulos dessas tais famílias era mais um problema, a juntar aos outros. Nos dias em que essas mulheres carregavam as mantas e as toalhas à cabeça e iam à feira vendê-las, voltavam com uns tostões no bolso. Faziam os muitos quilómetros, entre a aldeia e a feira, a pé, para poupar o bilhete da carreira, porque os tais tostões já estavam mais do que destinados. Ou eram para abater na conta da mercearia, onde compravam o que não colhiam da terra, ou para pagar ao médico as visitas ao domicílio, por serem muitas as enfermidades dos mais pequenos e dos mais velhos, ou para pagar a uma dessas tais famílias ricas, que emprestavam numa hora de aperto e depois cobravam com juros, ainda a hora de aperto não havia passado.
Às mulheres cabia ainda a penosa tarefa – para além da de cuidar das crias – de ir aos moinhos de água no rio. Nesses moinhos desfaziam-se os grãos de milho e de centeio, com que depois faziam o pão que alimentava toda a família. Viagens infindáveis pelos caminhos de pedra íngremes que separavam o vale do rio das suas casas, no povoado: para baixo com os sacos de granulado à cabeça e para cima com os sacos de farinha, também à cabeça. Ambos muito pesados. Os tempos difíceis levavam a que esses moinhos fossem assaltados de quando em vez. Assim, a mulher que ia ao rio nunca ia descansada. Até podia cantarolar, para esquecer os roncos do estômago vazio, mas qualquer galho de árvore que, casualmente, se partisse fazia-a estremecer. E à noite dormia sempre alguém da família no moinho, para guardar a farinha dos ladrões. Nunca uma mulher, a menos que acompanhada por um dos homens da família. Mas nem todas as famílias tinham moinho. As que não tinham pagavam em géneros pelo uso dos mesmos. Famílias havia que tinham mais do que um. As tais que eram ricas.
Essas tais famílias, que eram ricas, empregavam grande parte dos rapazes e raparigas da aldeia. Os rapazes nas lides do campo e as raparigas nas lides domésticas dos seus casarões. Eram os criados de servir, como se dizia na altura. Esses rapazes e raparigas – irmãos mais velhos de muitas outras crianças – que as famílias não podiam sustentar, saiam de casa não tanto pelo salário mas sim para diminuir o número de bocas que, em casa de seus pais, se sentava à volta da lareira na hora da ceia. Auferiam 50 escudos por ano, 50 escudos que não chegavam sequer a receber. Falando em valores, talvez seja importante esclarecer que me reporto ao final dos anos 50 e início dos anos 60. Escusado será dizer que não havia um único carro na aldeia. Para grandes caminhadas pedia-se um burro emprestado a quem o tivesse. Um burro que hoje carregava sementes agrícolas e amanhã um doente enfermo. O único automóvel que por aquelas bandas passava era o do Senhor Doutor, que vinha quando a gravidade do caso assim o exigia. Quando esse carro desfilava pela rua principal da aldeia, as crianças que entravam em histeria e corriam descalças atrás dele desconheciam, na sua inocência, o que aquilo queria dizer: que alguém estava muito mal, provavelmente, com a vida por um fio. Mas o que as crianças queriam era, simplesmente, ver as suas caras reflectidas nas jantes do automóvel, e rir muito das suas feições magras distorcidas. Uma dessas crianças era a minha mãe.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pessoas invejosas

É como se passassem a vida atrás de uma moita a escrutinar as vidas alheias, para verem até que ponto são melhores do que as suas, ou não. Algumas até terão um binóculo, possivelmente. No fundo, no fundo, nunca descansam, nunca têm paz, nunca respiram de alívio, há sempre alguém ou alguma coisa para cobiçar. Uma canseira coitadas. Coitadas é mesmo o termo, coitadas!
Hoje cruzei-me com uma coitada dessas, e não tive piedade. Não estava com muita paciência e a coisa não correu bem - para a coitada. Tenho dias assim, ninguém é perfeito...

Tzmmmm... fzmmm... dzmmmm... fzmmmm... (barulinho dos meus golpes de kung fu - que estou neste momento a reproduzir, para vocês ficarem com uma ideia)... Aiááá...

Se tivesse feicebúke ia agora à missa, para pedir perdão pelos meus pecados...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Esquizofrenias de quem vive sozinho (3)

... Aumentam consideravelmente quando se vê aquela peça da senhora que esteve caída na cozinha (morta) durante oito anos.
Porra pá!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O cisne negro e o avião que fazia peões

Parece que a Sofia fazia anos. E parece que alguém que ama a Sofia quis dar-lhe os parabéns, e quis que toda a gente soubesse – que ela fazia anos e que era amada. Até aqui tudo bem. Mas eu, que não conheço a Sofia, depois de ver o avião completar uma voltinha, arrastando a dita mensagem, percebi logo que a Sofia fazia anos, e que alguém ama a Sofia. Coisa, portanto, para demorar no máximo dez segundos (mesmo naqueles dias maus em que me custa a perceber uma mensagem, logo à primeira). Os restantes dez minutos de vruéém vruéém lá no alto, mesmo por cima da minha cabeça, podiam ter sido evitados – sobretudo quando o que eu tinha em mente, quando me sentei naquela esplanada soalheira, era saborear o sumo de laranja natural e, no fundo, «saborear» o filme que tinha acabado de ver. Claro que, em vez de pensar no cisne (no branco e no preto), revi mentalmente os nomes e os aniversários das pessoas que conheço, não estivesse eu a esquecer-me do aniversário da Sofia. Não estava.
E depois, como se não bastasse, ainda fiquei preocupada com a Sofia, que eu não conheço mas que fazia anos … Será que a Sofia tem aquela coisa do Transtorno de Deficit de Atenção?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dumba + Mimosa= ? [Djaló e Luciana já estão a tratar da fusão]

Sou, assim, um pouco como os elefantes. Não no que toca a trilhar caminhos pela imensidão da savana africana, sem correr o risco de ir parar ao Sara ou ao Calaári. Aí, graças ao meu sentido de orientação muito próprio (que é como quem diz: completa ausência dele), estaria tudo perdido. Quem observasse, ao longe, uma manada liderada por mim, facilmente pensaria que se tratava de um suicídio colectivo – quando visse os elefantes a cair, um por um, numa qualquer falésia. Esqueçamos esta chacina.
Apesar da minha incapacidade para memorizar itinerários (mesmo sem o incómodo das ervas a darem-me pelo nariz), tenho, todavia, uma enorme dificuldade em esquecer uma desfeita. Talvez seja uma “Dumba” com memória selectiva.

Ou então, agora que penso melhor no assunto – e por muito que me custe admitir – talvez eu seja mais parecida com uma vaca. Neste caso, a desfeita será mais como aquela bola de erva que a vaca engole, esófago abaixo, e horas mais tarde rumina, para depois voltar a engolir. Mas a desfeita é-me de uma digestão extremamente difícil. Talvez eu precise de ácidos mais eficazes no aparelho digestivo das desfeitas.

Já sabem! Se me desfeitearem, daqui a cem anos, qualquer barulho de castanholas no cemitério onde repousarão os meus restos mortais... será, na realidade, o meu esqueleto a chocalhar, enervado, no túmulo. Quem sabe se não se ouvirão castanholas no Panteão Nacional?...

Imagem: Google Search

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fair play? Primeiro temos que (re)descobrir a roda, carago...

Esse episódio de os adeptos do FCP apedrejarem o autocarro do Benfica fez-me lembrar aqueles senhores nigerianos que, por via de um belo par de chifres, tentam limpar a honra manchada, apedrejando a mulher adúltera em praça pública. Parece que o apedrejamento público funciona como uma espécie de catarse para o macho desrespeitado. Talvez ele pense que as pedras acabadas de atirar possam, efectivamente, mudar alguma coisa naquele momento em ela se perdeu de amores por um macho que não ele. Mas não. A única coisa que ele consegue provar é o completo falhanço nessa coisa de ser um bom marido. O seu desenvolvimento cerebral, característico daquele tempo em que ainda não se sabia o que era uma roda, não lhe permite ir mais além. Não lhe permite, por exemplo, achar que o problema é ele, ou que também pode ser ele. Jamais lhe passará pela cabeça aprimorar a sua performance como marido. Muito menos soltar uma lágrima que denuncie a sua tristeza e dizer “pronto, vai lá e sê feliz com o Yekini”. Ele até pode estar triste, mas a sua tristeza é a de quem empunha um calhau e diz “vou-lhe rachar aquela cabeça a meio”. E, se estiverem perto dele, asseguro-vos que conseguem ouvir um “unga bunga” no final da frase.

E se a cena se tivesse passado com o autocarro do FCP em Lisboa, o texto seria exactamente igual. Só precisava de trocar as palavras FCP e Benfica de lugar. Sim, porque nesta coisa que é o futebol, infelizmente, a falta de fair play não olha a cores. Se é que isto é futebol(?).

Imagem: Captain Caveman, criado por Joe Ruby e Ken Spears

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Se o Daniel Sampaio tivesse escrito um livro sobre isto, eu não tinha demorado tanto tempo para perceber.

Se eu tivesse um filho agora – não exactamente agora mas daqui a uns meses ou a uns anos – provavelmente, ele (ou ela) iria achar que a minha vida tinha começado, exactamente, na mesma altura que a dele (ou dela). Da mesma forma que eu pensei, durante toda a minha infância, adolescência e até há alguns anos, relativamente à vida dos meus progenitores.
Iriam passar muitos anos até que ele ou ela me pedisse para lhe falar da minha vida antes da sua existência. Provavelmente, isso só iria acontecer quando se tivessem esgotado todas as histórias sobre o dia do seu nascimento e sobre as peripécias da sua infância. Como, aliás, aconteceu comigo.
O nosso egocentrismo cega-nos ao ponto de acharmos que os nossos pais não tiveram uma vida antes de nós. Cega-nos ao ponto de nem sequer pensarmos nisso.
Depois, com a idade, vamos percebendo que os nossos pais também já foram crianças. Crianças que tiveram de ser protegidas. Crianças que alguém ensinou a juntar letras para fazer palavras. Adolescentes a quem alguém deu o primeiro beijo e o primeiro desgosto de amor. Jovens cheios de sonhos e de projectos, que lidaram com alegrias e tristezas, que experimentaram a frustração. Pessoas que se apaixonaram por alguém ao ponto de amar esse alguém mais do que tudo na vida. Pessoas que amaram ao ponto de quererem gerar um filho ou uma filha. Um filho ou uma filha que fosse a expressão suprema desse amor.
E depois, só depois, viemos nós. E mudámos tudo!

Imagem: Google Search