quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A caminho de um país acéfalo

Confesso que me escapa ao entendimento a relação entre a letra de uma música e o súbito despertar da comunicação social (esta denominação já merecia um refresh) para um problema que já dura há anos. Acordaram agora? Esta semana não morreu nenhum idoso em casa e ficaram sem assunto? É, obviamente, frustrante ver um recém licenciado perdido na teia do desemprego. Ou num emprego precário e a ver-se obrigado a viver em casa dos pais. É mesmo! Mas será que o problema está na saída das faculdades ou na sua entrada? Para quê manter cursos cuja «saída profissional» é o desemprego? É preciso tirar um curso superior para se ser desempregado?

E depois há os outros. Os que já trabalham há anos e agora se vêm a braços com a hipótese de engordar as estatísticas do desemprego. Aqueles que já estão demasiado velhos para enveredar por outra carreira, uma que não os faça tremer a cada final de contrato. Sim, as caixas de supermercado são uma hipótese, mas para isso não é preciso estudar dezassete, dezoito ou vinte anos. Acaba-se o liceu e começa-se logo! Quando se chegar aí aos vinte e três anos, com brio profissional e dedicação, até se poderá aspirar a ser chefe de qualquer coisa, lá no supermercado. É muito mais difícil consegui-lo se se começar a passar códigos de barras aos vinte e um ou vinte e dois, quando se sair da faculdade. A menos que um dos pré-requisitos, lá do supermercado, seja dissertar sobre a ergonomia e estética tri-dimensional das embalagens com os clientes, enquanto se ouvem os bip's dos produtos a passar... Ou sobre as implicações económicas de desenvolver relações comerciais com os países menos desenvolvidos... Ou sobre os impostos especiais de consumo e a tributação das mercadorias importadas de países terceiros (?)...

Se virem um cérebro a fugir mandem-no parar, é meu e faz-me falta (ouvi dizer que precisam de caixas no supermercado cá da rua - é desta que faço o mestrado!).

1 comentário:

  1. essa é uma pergunta que faço sempre quando vejo as candidaturas À faculdade e a oferta de vagas
    para quê?

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