terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Isto começou tudo com o “abana peras”

Quando, a meio de uma formação com os colegas de trabalho, a formadora diz qualquer coisa como “vamos fazer Role Play”, nós olhamos à nossa volta, esboçamos um sorriso semi-diabólico e pensamos “isto vai ser divertido”. Quando, momentos depois, nos calha o papel da pessoa alcoolizada, que está num bar e insiste com os amigos para continuar a beber, nós pensamos “oh diacho”…

E, enquanto me preparava para “vestir a pele” da alcoolizada, veio-me à memória aquela tarde (há uns bons anos) em que ri a bandeiras despegadas, a imaginar a cena que um amigo (que tinha ido ver «As Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos») me contou: os actores foram à plateia e escolheram uma moça e um moço, que arrastaram para o palco. O moço tinha de correr de um lado para o outro, várias vezes, e a moça (só) tinha que dar um grito de desespero, durante a correria do seu amado (o moço).

Enquanto ele ia descrevendo o acontecido, eu ia intervalando as risadas com frases do género: “eia ca gandas cromos”… “que nabos”…
O que eu não sabia é que, dali a umas horas, eu ia estar no palco a puxar pela goela, para dar um grito “comme il faut”, coisa que só me saiu bem à terceira. E, enquanto aquilo não saiu nos decibéis adequados, estive ali, em cima do palco, a tentar não me deixar intimidar pelos olhares e gargalhadas histéricas da plateia. Não vos vou mentir, houve ali um momento, ou outro, em que me apeteceu arrancar a cabeleira a um dos actores… E foi, precisamente, num desses momentos que me saiu um grito que ecoou pelo teatro inteiro. E foi mesmo um grito de desespero, embora o móbil não tenha sido o “amado” que corria desorientado pelo palco.
Elenco da altura (1996-1999)
Imagem: Website da «Companhia Teatral do Chiado».

2 comentários:

  1. E saíu bem o papel da alcoolizada???? Isso é que importa!!!!

    ResponderEliminar
  2. Até parece mal eu dizer que sim, mas a verdade é que saiu! ;)

    ResponderEliminar