segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Naquele tempo, duas pastilhas Gorila faziam milagres...

Ontem li um artigo sobre bullying e, imaginem, descobri que eu já fui vítima de bullying. Eu, o meu irmão, a minha amiga de infância, os meus primos, os primos dos meus primos, os meus vizinhos e, imaginem, até o meu primeiro gato.

Não sei como consegui sobreviver ao ensino primário com o L. a apelidar-me, constantemente, com a alcunha (medonha) do meu avô paterno, ou com a S. a chantagear-me, dia sim, dia não, para eu fazer o que ela queria, sob pena de contar à minha mãe que eu jogava à bola com os rapazes. Ou, já no ciclo, com os rapazes a apalparem-me e a levantarem-me a saia quando passava por eles, ou a ter de resolver a parte da gramática nos testes de Inglês da M., sob pena dela dizer à minha mãe que eu não almoçava na cantina - para comprar pastilhas Gorila com o dinheiro da senha. É que não sei mesmo!

Talvez todo este historial me tenha traumatizado a um nível que eu jamais poderei avaliar... Não me parece que uma pessoa traumatizada goze de discernimento capaz de avaliar tais danos. Ou então não! Talvez tenha crescido, talvez tenha aprendido a defender-me. Talvez tenha percebido que nem tudo é fácil, nem tudo é perfeito, mas se nos impusermos um bocadinho hoje, um bocadinho amanhã, talvez possamos mudar alguma coisa.

Algures durante o complicadíssimo processo de desenvolvimento da minha pessoa, o L. levou um estalo, a S. só precisou de ser ameaçada com um (ela bem viu a minha direita poderosa quando esbofeteei o L.) e a M. vendeu-se por duas pastilhas Gorila. Quanto aos meninos que me apalpavam e levantavam a saia, também levaram um estalo, mas foi do Director da escola que, certamente, tinha uma direita melhor do que a minha (sim, à vezes o Director "sacudia-nos o pó").

“Úúú queixinhas…”
Pois fui! Queixei-me.
E o que é isso comparado com a minha bunda ao léu, quase todos os dias? Nada. E, pelo menos, não tive que disfarçar o incómodo que me causava ficar com a mão a ferver…

Imagem: abeautifulrevolution.com

4 comentários:

  1. Recordações que ficaram, mas que também a ajudaram a crescer. Todos recordamos um pouco estas histórias da nossa inocência.
    Quantas guerras de pedras e quantos segredos a atiçar-nos os desejos e a curiosidade...

    Assim crescemos e sem reparar aprendemos a defender-nos e a construir o que somos.

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  2. E eu a pensar que era eu que delirava a pensar que isto sempre existiu. Os miúdos sempre andaram à bulha, implicaram uns com os outros, etc. Qual é mesmo a novidade? AH! É mesmo, uma palavra fancy fica sempre melhor! Está errado mas fazer o quê? É a lei natural! Os "parvos" serão "parvos" toda a vida! Os outros aprendem com isso e crescem...

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  3. bullying sempre existiu,mudou foi de nome. raboa o léu? coitada da PFIA!!!
    apanhavas frio no rabichol

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  4. Parece que pensamos os 4 da mesma forma... E, provavelmente, não somos os únicos...

    Ó AVOGI... estás a gozar c'o meu rabo? Isso é bullying!...
    :p **

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