segunda-feira, 9 de maio de 2011

O último a assistir

Durou apenas escassos minutos mas foi o suficiente para me arrancar uns quantos palavrões de espanto. Não foi um espanto de admiração, foi de perplexidade perante o profundo mau gosto. Os intervenientes deste autêntico circo de horrores parecem estar sob o efeito de um alucinogéneo poderosíssimo. Tantos aqueles que nos aparecem em frente das câmaras como os que estão no backstage. Os que fazem os diálogos, por exemplo. Que terão em mente quando escrevem as idiotices que serão ditas em directo? Que imagem terão das pessoas que estão em casa, sentadas em frente à televisão. Poderão, por ventura, equacionar a hipótese de conseguir arrancar uma gargalhada a um espectador? De terem criado um momento de televisão, sequer, aceitável? Eu quero acreditar que não. Ainda que um sorriso tenha sido alcançado (o que eu duvido), talvez seja o sorriso cúmplice de alguém que jantou cogumelos mágicos. Ou o sorriso (pontualmente desdentado) de alguém que paga a conta da televisão por cabo - por exemplo - com o RSI, e que, ironicamente, não se apoquenta com coisas banais como impostos. Os impostos que alimentam um televisão pública que transmite programas altamente insultuosos para o QI dos seus tele-espectadores. O discurso tripalhoco (esclarecimento: tripalhoco de quem estava a tripar um ácido qualquer e não de quem jantou tripas à moda do porto!) do Roberto Leal perdeu parte da gravidade quanto momentos antes se teve a oportunidade de ver uma concorrente ser descarregada de um camião. Sim, descarregada como um monte de entulho é descarregado num aterro. E a «multidão» de meia dúzia de mulheres gritava "Gorda! Gorda! Gorda!", e ela ia agradecendo o «carinho» e ajeitava o colar de enchidos que tinha pendurado ao pescoço com a vaidade de quem usa uma jóia da Tiffany
Se o propósito (se é que tem algum) de toda aquela fantuchada é gozar com os Reality Shows, parece-me que o alvo falhou completamente: os verdadeiros gozados são os portugueses que se sentam em frente ao televisor. Sobretudo os que têm os impostos em dia, como eu.
Ainda que que o zapping do meu comando se limitasse a apenas quatro canais - como acontece com muitos portugueses (sobretudo nos tempos que correm) - o Último a Sair seria sempre o último programa a assistir. Mas só depois de furar os dois olhos (repetidas vezes) com aquele instrumento do estojo de manicure que eu nunca sei para que serve. Talvez seja para furar os olhos.

7 comentários:

  1. Eu já não perco tempo a fazer zapping. A TV passou a ser um acessório, porque não há (quase) nada que seja digno de ser visto. A televisão está cada vez mais uma treta...

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  2. eu nao vi nenhum desses
    chiça detesto estes novos formatos de progranmmas portugueses mais aquela alzozia do castelo branco jamé

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  3. Credo, é que os 3 canais só dão porcaria...não se aguenta mesmo!

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  4. E aquela cena do Marco a andar a porrada com o Bruno Nogueira foi fantástica!! Um bocadinho forçada penso eu!!

    Olha o meu desespero rapariga, só tenho os 4 canais portugueses! Devo cortar os pulsos??

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  5. Olha eu também vi um bocadito daquilo e pensei WTF???

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  6. A TV por cabo devia ser gratuita!
    Calma Filipe! Inspira, espira...
    ;)

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  7. Não é "espira" Filipe, é "expira"... Ai "balha-me" Deus (ou outra coisa qualquer)... :|

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