quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

(Im)Pertinente

Talvez por ter passado por uma experiência quase limite (eu disse «quase»), confesso que não tenho muita paciência para pessoas que têm achaques e episódios de “quase-AVC” de cada vez que aparece um risco novo no carro. Muito menos quando o risco é novo e o carro é velho. Poupem-me, carago! Aprendam a dar valor às coisas verdadeiramente importantes… Ok, é chato ter um risco no carro, mas é bem pior receber 150€ do sucateiro, em troca de um carro acabado de pagar no mês anterior.

Sim, eu já mandei um carro prá sucata. Ups! E foi fácil: no momento em que aquele cãozinho amoroso cruzou o meu caminho, vindo do nada, eu fiz uma tangente (mal calculada) e derrapei na areia da berma da estrada. Bom, tendo em conta que nem raspei no canito, até não foi mal calculada. Mas se aquilo não tivesse acontecido eu jamais iria descobrir as potencialidades que o meu carro tinha como ginasta acrobata. Então não é que ele conseguiu fazer um duplo mortal em piso acidentado? – Uma ribanceira. Aquele carro era um espectáculo. Paz à sua alma. Ámen.

Mas teve um fim digno! Horas antes tinha saído da oficina com um rádio novo e foi atestado na bomba de gasolina. Até parecia que a dona (eu) tinha adivinhado «O Fim» e lhe estava a conceder últimos prazeres. Quase como os condenados do “corredor da morte” que têm direito a degustar o seu prato preferido na última refeição. Se fosse a minha última refeição eu confesso que demoraria horas para me decidir entre um bacalhau com natas ou um cozido à portuguesa. Será que me davam os dois? Talvez não fosse boa ideia, era capaz de ficar mal disposta. Ah, espera, isso não importa – eu ia morrer na mesma. Já me estou a perder ... [LOADIIIIIING] ... Aterrei de cabeça voltada para cima – menos mal – mas o carrito ficou um pouco, digamos, desfeito. E aquelas voltas todas, de estômago, digo, depósito cheio fizeram-lhe uma certa azia. Daquela que parece que temos uma fogueira cá dentro, sabem? Ainda soltou umas faíscas e umas labaredas (pequeninas) pelo motor. Eu percebi que ele não estava para brincadeiras, apanhei rapidamente os pertences, que estavam mais à mão, e pirei-me dali como se não houvesse amanhã (e por pouco não havia). É que eu, que talvez tenha visto demasiados filmes, já estava a ver aquilo a acabar numa explosão, com direito a nuvem em forma de cogumelo e tudo! E enquanto corria só pensava que o MacGyver era gajo pra me safar daquilo com uma perna às costas… Se bem que, dadas as circunstâncias, uma boleia do Michael Knight no seu Kit também me dava jeito... Talvez tivesse as ideias um pouco turvas naquele momento.

Tirando uns dentes partidos e um traumatismo facial, eu fiquei bem (tendo em conta que podia quinar, certo?). Já percebem por que é que me irritam as pessoas cocós com a pintura dos seus carrinhos? Não? Querem que eu conte outra vez? Ok.

Eu ia na estrada e, de repente, aparece-me um canito…


Imagem: GoogleSearch.

5 comentários:

  1. pera lá nao percebi uma coisa... conta-me outra vez era um cão o ou um canito???
    kis :=)

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  2. Não me digas que "canito" na Madeira é outra coisa qualquer? :|
    **

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  3. Pois é estas coisas acontecem a quem anda na estrada. Os cães não deviam andar.... Há sinalização a proibi-los.

    Antes o carro que foi para a sucata que a narradora e condutora. Se Deus lhe der saúde haverá de arranjar para um carro novo.

    Voltarei aqui para acompanhar este espaço. Espero que me desculpe a ousadia.

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  4. Sem dúvida que sim, Luís. Carros, há muitos. Obrigada.

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  5. Adoro a tua maneira de escrever! Ora o meu cunhado é um picuinhas com o carro, que até mete nojo...um dia destes eu conto!

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