quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Se o Daniel Sampaio tivesse escrito um livro sobre isto, eu não tinha demorado tanto tempo para perceber.

Se eu tivesse um filho agora – não exactamente agora mas daqui a uns meses ou a uns anos – provavelmente, ele (ou ela) iria achar que a minha vida tinha começado, exactamente, na mesma altura que a dele (ou dela). Da mesma forma que eu pensei, durante toda a minha infância, adolescência e até há alguns anos, relativamente à vida dos meus progenitores.
Iriam passar muitos anos até que ele ou ela me pedisse para lhe falar da minha vida antes da sua existência. Provavelmente, isso só iria acontecer quando se tivessem esgotado todas as histórias sobre o dia do seu nascimento e sobre as peripécias da sua infância. Como, aliás, aconteceu comigo.
O nosso egocentrismo cega-nos ao ponto de acharmos que os nossos pais não tiveram uma vida antes de nós. Cega-nos ao ponto de nem sequer pensarmos nisso.
Depois, com a idade, vamos percebendo que os nossos pais também já foram crianças. Crianças que tiveram de ser protegidas. Crianças que alguém ensinou a juntar letras para fazer palavras. Adolescentes a quem alguém deu o primeiro beijo e o primeiro desgosto de amor. Jovens cheios de sonhos e de projectos, que lidaram com alegrias e tristezas, que experimentaram a frustração. Pessoas que se apaixonaram por alguém ao ponto de amar esse alguém mais do que tudo na vida. Pessoas que amaram ao ponto de quererem gerar um filho ou uma filha. Um filho ou uma filha que fosse a expressão suprema desse amor.
E depois, só depois, viemos nós. E mudámos tudo!

Imagem: Google Search

2 comentários:

  1. adorei . lindo e quando os filhos perguntam aos pais se ainda fazem sexo???A sobrinho do meu marido com 12 anos perguntou à mãe se ainda tinha sexo com o pai e quando?
    kis .=)

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  2. Olha, olha. Que graça!!! O meu filho mais novo perguntou-nos (a mim a ao Pai), quando tinha p'raí uns 15 anos, quantas vezes fazíamos sexo por mês.
    O mais velho, quando já queria fumar e tinha p'raí uns onze anos, perguntou ao Pai e ao Avô que idade tinham quando fumaram pela 1ª vez.

    Acho que o teu post tem toda a pertinência se considerarmos o modo que se educam as crianças nos dias de hoje. São demasiado egocêntricas porque os Pais as "fazem" assim. Quando quiserem mudar alguma coisa já vão tarde.

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