segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Walk like an Egyptian

As razões que levaram os egípcios a soltar o ensurdecedor grito do ipiranga, são as mesmas que continuam a atormentar os cidadãos de muitos outros países. Alguns já levantaram a voz, outros continuam calados. Fosse eu um ditador de bigode farto e barriga proeminente (ao ponto de quase fazer saltar os botões da minha fatiota militar), e estaria agora a sentir o mesmo temor que sente um professor autoritário, perante a revolta de um aluno temerário. Em menos de nada, aqueles que dia-após-dia aguentaram calados, aqueles que sempre pareceram submissos, vêm a sua revolta e o seu medo transformar-se em coragem e força. E, de repente, o desconforto da barriga vazia dá lugar a um peito cheio de ar. E o pau que antes descia pelas costas é, agora, empunhado.
E, provavelmente, o tal temor não está reservado aos de bigode farto e barriga proeminente (quase a fazer saltar os botões da fatiota militar). Alguns até andarão de fatiota Armani (comprada numa qualquer loja em Milão, a modos que é só atravessar uma petite selva ou um petit deserto, no jacto privé, e voilá, o Mediterrâneo está logo ali). E alguns até serão frequentadores assíduos da Assembleia Geral das Nações Unidas ou convidados ilustres da Comissão Europeia. Digo eu, cuja experiência em chafaricas do género se resume a uma ida à Assembleia da República Portuguesa, por alturas do 11º ano (lembro-me vagamente desse episódio - o meu pensamento estava vidrado no aspecto que poderia ter uma mosca tsé-tsé). Alguns até terão privado com o Zé (o nosso), aquando daquelas negociações para comprarem uma coisa nossa. Uma coisa boa, por sinal. Esses, lá mais longe, até terão organizado uma coisa qualquer olímpica, agora não me lembro bem o que foi.
Mas isto são só suposições. E, verdade seja dita, o que sei eu sobre isto tudo? Nada, ora.

2 comentários:

  1. Ora nem mais! és como eu... escrevo sobre coisas que não faço a menor ideia!

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  2. É mais ou menos como eu... ás vezes também escrevo muito, para dizer menos de nada.

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