sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Como traumatizar um pai com uma frase minúscula.

Há pouco tempo o meu pai mostrou-me uma carta que eu lhe escrevi quando tinha quase seis anos (eu, obviamente!).
Os erros ortográficos eram deliciosos. A temática um pouco confusa: frases muito curtas e incisivas - do género “Olá pai! Estás bom pai? Quando vens pai?” – misturadas com detalhes altamente pormenorizados do meu dia-a-dia, assim como o dos restantes familiares, animais de estimação e dois ou três vizinhos (por isso é que, uns anos mais tarde, gostei dos Maias - Eureka!).
A breve referência às condições meteorológicas, da semana que então corria, já deixava vislumbrar que me viria a transformar numa excelente comunicadora.
Parece que tinha estado muito frio porque “o jardim da mãe foi todo embora”, que é como quem diz, foi desta pra melhor (Bem! É impressão minha ou eu era mais eloquente quando tinha seis anos?!). Note-se aqui que denunciava também um je ne sais quois de preocupações ambientais, ou pelo menos florais (quem diria que, em adulta, me iria transformar numa assassina de plantas por negligência grosseira? – shame on me!).

Foi realmente enternecedor ler aquela carta. No entanto, houve um pormenor que me inquietou o coração! A determinada altura eu digo-lhe que “a minha família está boa” e pergunto-lhe como está a família dele.
Parece que o facto de o meu pai estar a trabalhar longe, e vir a casa só um fim-de-semana por mês, me levava a pensar que éramos de famílias diferentes.

(Oh que carago que agora é que estragaste tudo! A malta aqui a pensar que escrevias bem com seis anos, e coisa e tal, mas no final de contas não passavas era de uma fedelha perturbada!)

PS: Obviamente que a carta terminava com uma série de pedidos de bonecas, lápis de cor novos e mais uns quantos objectos de primeira necessidade. Não me lembro se os pedidos foram atendidos mas, se não foram, eu bem que mereci!

Sem comentários:

Enviar um comentário