terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ensaio sobre a falta de lucidez

Estou tão estafada que pondero não fazer jantar. O problema é que também estou esfomeada e, portanto, arrasto-me até à cozinha, ponho qualquer coisa congelada dentro de um pirex e forno com aquilo. Daqui a 20 minutos temos jantar. Nada de muito elaborado mas com valor energético suficiente para me permitir manejar o comando da TV, até o cansaço finalmente me vencer. 20 minutos volvidos arrasto-me até à cozinha e saco o pirex do forno. A força braçal empregue na manobra (altamente delicada) não foi suficiente e o pirex estatela-se no chão.
Uma mulher percebe que não está mentalmente sã quando dá por si, em pé na cozinha, a ponderar a possibilidade de apanhar os nuggets de peixe do chão, abaná-los para sacudir os vidros, pô-los num pratinho e morfá-los. Esta avaliação, dos eventuais danos causados na comida, demorou uns 30 segundos e seguiu-se de um “estás doisa?”. Olha, não janto, paciência.
Mas como qualquer demente que se preze, imediatamente vejo aquilo como uma afronta pessoal dos nuggets que jazem espalhados pelo chão, “vocês não vão levar a melhor!”. Repete-se o processo todo com a força braçal adequada e… (meia hora depois) nunca uns nuggets foram mastigados com tanto afinco nesta casa! Mas que jantei, jantei! E já limpei o chão da cozinha.

É claro que se vocês disserem que eu, um dia, pensei em apanhar comida do chão e comê-la, eu digo que é mentira! É a vossa palavra contra a minha!

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