quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Verão de Mihail, um menino de onze anos.

Enquanto os outros faziam desenhos de capitais europeias ou destinos paradisíacos, para mostrar à professora onde tinham passado as últimas férias de Verão, Mihail - de onze anos - esmerava-se para reproduzir, tão fielmente quanto possível, o lugar que mais o tinha marcado nas suas.
O desenho dele não era tão evidente como os dos colegas, não havia nenhuma praia, nenhuma piscina, nem tão pouco uma qualquer praça ou monumento (nacional ou estrangeiro) facilmente identificável. Mihail desenhou um caminho ladeado de árvores, muitas árvores. E mais árvores espalhadas pela folha de papel, de vários tamanhos, de copas largas e de copas estreitas.
Enquanto os outros espreitavam os desenhos alheios e iam fazendo comentários snob-chic, do género “eu já estive aí e não achei nada de especial”, Mihail, concentrado, acrescentava pormenores com o mesmo cuidado com que um artista ultima uma obra-prima. E quando a professora lhe perguntou se era uma floresta, se tinha feito algum piquenique naquela floresta, Mihail respondeu com um sorriso acanhado: “Não é uma floresta. É a obra onde o meu pai trabalha”.

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