domingo, 5 de setembro de 2010

O "meu" poema

A primeira vez que li este poema (há uns bons anos atrás) identifiquei-me imediatamente com ele!
Para o comum dos mortais (por exemplo, eu) é absolutamente arrebatador como esta Senhora tem a capacidade de transformar sentimentos em versos!!
(imagem @ teiaportuguesa.com)

Aqui fica:

DESEJOS VÃOS

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos céus, os braços, como um crente!

E o Sol, altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras... essas... pisa-as toda a gente!...

in Sonetos, Florbela Espanca

1 comentário:

  1. É Maravilhoso. A versão da Mariza é coisa para tocar incessantemente no meu mp3.

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